Simples é o regime tributário que se manteve no ordenamento jurídico mesmo após a reforma tributária sobre o consumo.
Porém, a nova lógica de créditos tributários e a não cumulatividade plena geram dúvidas sobre sua real competitividade, especialmente para empresas que atuam no modelo B2B.
Simples e o impacto do novo cenário
Estudos apontam que mais de 70% das empresas optantes do Simples atuam fornecendo produtos ou serviços para outras companhias. Com a reforma, essa realidade pode se tornar um desafio, pois a perda do crédito tributário em operações entre empresas pode encarecer custos e reduzir margens de lucro.
Simples ou Lucro Real?
Simulações recentes demonstram que, em alguns casos, o regime do Lucro Real pode se mostrar mais vantajoso que o Simples. Esse cenário é comum quando o negócio possui altos custos dedutíveis, folhas salariais elevadas ou fornecedores que geram créditos significativos. Para empresas com esse perfil, a carga tributária final pode ser menor fora do regime simplificado.
Criação do regime híbrido
Com a reforma, surge o chamado regime híbrido, no qual os novos tributos IBS e CBS serão recolhidos separadamente, fora da guia do Simples. Esse modelo amplia a complexidade no cálculo, mas pode ser benéfico em situações específicas. O ganho ocorre principalmente quando há forte interação com fornecedores e clientes de regimes que permitem aproveitamento de créditos.
Impactos indiretos
Empresas do Simples que se encontram no meio da cadeia produtiva precisam redobrar a atenção. Quando fornecedores estão no Lucro Real ou Presumido, o imposto destacado em nota se transforma em custo, o que pode inviabilizar margens. Isso significa que a análise da cadeia de clientes e fornecedores é essencial para definir se o regime ainda é o mais competitivo.
Cuidados necessários
Para além dos cálculos tributários, o valor da folha de salários também influencia a escolha. Empresas de setores que já recolhem encargos elevados, como construção e serviços de advocacia, podem não sofrer impactos tão grandes caso migrem para outro regime. Além disso, algumas organizações avaliam até a criação de duas estruturas jurídicas distintas: uma para consumidores finais e outra, no regime híbrido, para interações B2B.
Planejamento antecipado no Simples
Embora a CBS entre em vigor apenas em 2027, a preparação deve começar imediatamente. Planejar estruturas, rever contratos e avaliar impactos regulatórios são passos cruciais para evitar surpresas. Antecipar análises permite identificar gargalos, corrigir processos e aproveitar oportunidades de economia fiscal.