Reforma Tributária muda rotinas do contas a pagar

Reforma Tributária muda rotinas do contas a pagar

A Reforma Tributária, instituída pela Emenda Constitucional nº 132, promove alterações estruturais no sistema de consumo brasileiro.

Primeiramente, embora a proposta vise a simplificação futura, o período de transição impõe desafios imediatos. As empresas enfrentarão ajustes complexos entre 2026 e 2033. Nesse cenário, o setor de contas a pagar assume um papel estratégico na gestão financeira.

Historicamente, o Brasil operou com múltiplos tributos fragmentados entre os entes federativos. O novo modelo substitui essa estrutura pelo Imposto sobre Valor Adicionado (IVA) Dual. A transição gradual exige que as organizações operem com dois sistemas simultaneamente. Portanto, a atenção aos processos de validação torna-se indispensável.

O impacto da Reforma Tributária na transição

Durante a convivência dos dois regimes, as áreas financeiras precisarão redobrar os cuidados operacionais. O setor de contas a pagar deverá validar documentos emitidos sob regras distintas. Consequentemente, os processos de conferência e classificação tributária sofrerão impactos diretos.

A criação da CBS e do IBS altera a lógica de apuração dos impostos. Esses novos tributos operam sob o princípio da não cumulatividade plena. Assim, a cobrança deixa de ser embutida e passa a ser destacada de maneira transparente. Isso muda a forma como a Reforma Tributária afeta a leitura de boletos.

O desafio do split payment

Uma inovação significativa trazida pela nova legislação é o split payment, ou pagamento dividido. Nesse modelo, o recolhimento do tributo pode ocorrer no momento da liquidação financeira. O sistema bancário separará automaticamente a parcela do imposto destinada ao Fisco.

Na prática, isso exige uma integração robusta dos sistemas da empresa. O contas a pagar deve conciliar corretamente os valores pagos aos fornecedores e os recolhidos. Sem essa adaptação, a empresa corre riscos de inconsistências financeiras graves.

Gestão de créditos na Reforma Tributária

A não cumulatividade plena permite o aproveitamento de créditos sobre aquisições essenciais à atividade. Contudo, a validade desse crédito depende da qualidade da documentação fiscal recebida. O imposto deve estar corretamente destacado para garantir o benefício.

Cabe à equipe financeira assegurar a captura e validação correta das notas fiscais. Falhas documentais podem resultar na perda de créditos tributários importantes. Por isso, a revisão de rotinas é urgente diante da Reforma Tributária.

Adaptação tecnológica e de equipes

A transição expõe fragilidades em processos que ainda dependem de controles manuais. A adaptação exige a atualização de ERPs e um reforço na governança de dados. Além disso, a capacitação dos profissionais é fundamental para o sucesso da operação.

A automação surge como um fator relevante para garantir padronização e controle. Soluções modernas permitem configurar regras fiscais e evitar pagamentos indevidos. Dessa forma, a tecnologia mitiga os riscos de autuações fiscais automatizadas.

Por fim, a preparação das empresas deve começar imediatamente para evitar passivos. A fiscalização tende a ser mais rígida com o cruzamento eletrônico de dados. Enfim, entender a Reforma Tributária é crucial para a saúde financeira do negócio.

A atuação do setor deixa de ser apenas operacional e passa a ser analítica. A conferência técnica dos documentos ganha peso na rotina diária. As empresas que se anteciparem terão vantagens competitivas no novo cenário econômico.

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